O batismo no Espírito Santo e a atualidade dos dons espirituais
- Romário Rodrigues
- 25 de mar. de 2024
- 16 min de leitura

A respeito do Batismo no/com Espírito Santo, a Declaração de fé das Assembléias de Deus nos diz:
CREMOS, professamos e ensinamos que o Batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder do alto: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, em Jerusalém, até que alto sejais revestidos de poder“ (Lc 24.49). É, também, uma promessa divina aos salvos: “e também, do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias” (At 2.18).
Segundo o Pastor e Teólogo Silas Daniel, a expressão “batismo no/ com Espírito Santo“ aparece na Bíblia seis vezes: Mateus 3.11, Marcos 1.8, Lucas 3.16, João 1.33, Atos 1.5 e Atos 11.16. Em todos esses casos, a expressão aparece sempre com um significado carismático, como fica ainda mais explícito a partir das passagens correlatas que se referem descritivamente à experiência aludida naquelas passagens (Lc 24. 49; At 1.8; At 2.1 ss).
Sobre a expressão batismo (nesse contexto), o mesmo autor explica: “O termo grego batizo (batismo), que significa “imersão”, é usado figuradamente para descrever a imersão plena do crente nessa dimensão carismática, na virtude (dunamis; “poder” At 1.8) do Espírito.” As Escrituras usam também outras terminologias ou expressões para se referir ao Batismo no/ com Espírito Santo: A esse respeito, o Teólogo Roger Stronstad afirma: “vários termos podem”, num contexto apropriado, descrever esse batismo no Espírito Santo: (a) a promessa do Pai (At 1.4, cf 2.39, uma promessa do batismo com o Espírito Santo), (b) o enchimento com o Espírito Santo (At 2.4), (c) o Espírito Santo “derramado” (At 2.17, 33; 10.45); (d) o Espírito Santo “desceu sobre” (At 10. 44; 11.15) e; (e) o dom do Espírito Santo (At 2.38; 10.45; 11.17).
O Batismo no/com o Espírito Santo é um revestimento de poder. É um derramamento de poder do alto evidenciado inicialmente pelo falar em outras línguas (línguas estranhas). Esse revestimento de poder (Lc 24.49) é uma bênção “distinta” da salvação. O mesmo é operado por Jesus (Mt 3.11), ou seja, nesse batismo o “batizador” é Jesus. É Jesus quem reveste o salvo de poder. Como fica claro em passagens como Atos 1.8, esse batismo tem como finalidade primária e principal o “empoderamento” para testemunhar: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. (At 1.8)
A promessa do Batismo no Espírito Santo no Antigo Testamento.
Uma das passagens do Antigo Testamento que descreve a promessa do derramamento do Espírito Santo é Joel 2.28-32. Vale destacar que a promessa de Joel 2.28-32 não foi cumprida integralmente no dia de Pentecostes. O que houve em Atos 2 foi um “cumprimento parcial” da promessa. O Teólogo Dispensacionalista Leon J. Wood a esse respeito diz: “Esta profecia foi parcialmente cumprida no dia de Pentecostes (At 2.16-18). Mas o cumprimento total virá no Milênio, como mostra outros versículos de Joel 2.” O também Teólogo Dispensacionalista Paul D. Feinberg pontua a respeito do cumprimento parcial desta profecia: “Primeiro, usando a terminologia estabelecida previamente, Atos 2.16-21, como um cumprimento de Joel 2.28-32, é um referente de Joel 2.28-32”. Isso é apoiado pela fórmula é o que foi (At 2.16). Segundo, Atos 2.16-21, não é o referente completo (cumprimento) de Joel 2.28-32. Em outras palavras, esses dois renomados teólogos estão de acordo quanto ao cumprimento “parcial” desta profecia em Atos 2, destacando que o cumprimento total da mesma é Escatológico, futurístico.
A promessa do Batismo no Espírito Santo no Novo Testamento
A promessa do Batismo no Espírito Santo (revestimento de poder), também é ratificada no Novo Testamento. João Batista, por exemplo, confirmou essa promessa nos quatro Evangelhos (Mt. 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32,33. Cf At 11.16). O Senhor Jesus também ratificou essa promessa, direta ou indiretamente em várias oportunidades (Mc 16.17; Lc 24.49; At 1.8, etc.). Portanto o Batismo no Espírito Santo é uma promessa feita no Antigo Testamento, confirmada no Novo Testamento e cumprida no dia de Pentecostes. O revestimento de poder se dá no dia de Pentecostes, no nascedouro da igreja, o corpo místico de Cristo. Em Atos 2, nascia então a igreja (que era um mistério no Antigo Testamento). É na descida do Espírito que emerge a Igreja. Antes de Pentecostes, não havia igreja ( Mt 16.18 ).
Batismo no Espírito Santo x Batismo no corpo de Cristo
Há cristãos que erroneamente confundem o Batismo no Espírito Santo (revestimento de poder) com o Batismo no corpo de Cristo (batismo do Espírito Santo). Esse equívoco se dá pela má interpretação de textos como 1 Co 12.13 onde é dito: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer Judeu, quer Grego, querem servos, quer livre, e todo tem bebido de um Espírito“ (1 Co 12.13). Como fica claro se analisarmos o contexto da passagem em apreço, Paulo não está tratando aqui do Batismo no Espírito Santo, ou revestimento de poder. O sentido de batismo aqui é a imersão do salvo no Corpo de Cristo. Observe que Paulo usa várias palavras e expressões relacionadas ao corpo humano (pé, mão, orelha, olho, ouvido, membros), fazendo uma analogia ao corpo místico de Cristo.
Não há nenhuma menção aqui, de um revestimento ou empoderamento para testemunho. Segundo o Teólogo Silas Daniel: “Além disso, o texto de 1 Coríntios traz como propósito da experiência ali mencionada “formar um corpo”, enquanto nas demais passagens está em vista explicitamente poder para serviço”. Dessa forma não se pode confundir o Batismo no Espírito Santo com o Batismo no corpo de Cristo, ou a regeneração. Defender que, Batismo no Espírito Santo e regeneração são a mesma coisa é um erro, vejamos: Em João 20.22 Jesus disse aos seus Discípulos: “E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. Ora, os ímpios não podem “receber” o Espírito Santo (Jo 14.17), o que significa dizer que o Espírito Santo foi “soprado” sobre os discípulos porque eles eram salvos. Mas, em Atos 1.8 Jesus diz aos discípulos: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Ora, a promessa de Jesus em Atos 1.8 mostra claramente que receber o Espírito Santo é diferente de receber o Batismo no Espírito Santo.
Vejamos outro exemplo:
Em Atos 9.17a é dito: “E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo…”. Vejam que Ananias chamou Saulo de irmão Saulo, o que mostra que o mesmo já era um salvo em Cristo. Na sequência do mesmo versículo é dito: O senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinha me enviou para que tornes a ver, e sejas “cheio do Espírito Santo”. Considerando que Paulo já era um salvo (logo já era habitado pelo Espírito Santo), esse enchimento do Espírito Santo retratado no final do versículo não pode ser uma referência a regeneração ou ao Batismo no corpo de Cristo. Mais uma vez fica claro que, uma coisa é o Batismo no Espírito Santo (revestimento de poder), outra coisa é o Batismo no corpo de Cristo (batismo do Espírito Santo). Vistas essas evidências bíblicas, veremos algumas diferenças básicas entre o Batismo no corpo de Cristo e o Batismo no Espírito Santo:
● O Batismo no corpo de Cristo tem como “batizador” o Espírito Santo (1 C0 12.23);
● O Batismo no Espírito Santo tem como “batizador” o Senhor Jesus (Mt 3.11);
● O Batismo no corpo de Cristo ocorre junto (ou é similar) a regeneração;
● O Batismo no Espírito Santo ocorre após a regeneração;
Ainda que instantes após, sempre ocorre após a regeneração;
● O Batismo no corpo de Cristo é a imersão do salvo no Corpo de Cristo;
● O Batismo no Espírito Santo é o Revestimento de poder no salvo para testemunhar.
Portanto ficou claro que, Batismo do Espírito Santo (Batismo no corpo de Cristo) é uma bênção “distinta” do batismo no Espírito Santo (revestimento de poder). Ao dizermos que os batismos são “distintos”, não queremos dizer com isso que são desassociados, mas que são bênçãos “diferentes concedidas por Deus“.
QUAL A EVIDÊNCIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO?
Acerca da evidência do Batismo no Espírito Santo a Declaração de fé das Assembléias de Deus afirma: “trata-se de uma experiência espiritual que ocorre após ou junto à regeneração, sendo acompanhada da evidência física inicial do falar em outras línguas”, ou seja, segundo a Declaração de fé a evidência física e inicial do Batismo no Espírito Santo (revestimento de poder) é o “falar em outras línguas”. Observem que, as línguas espirituais são a evidência física e inicial. Essas línguas são de natureza espiritual, e procedem de Deus, logo não se trata de línguas que aprendemos nos bancos das escolas (At 2.4). Vários textos bíblicos atestam que as línguas são a evidência inicial desse Batismo, entre eles Atos 2.4: “E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Vejam que, uma consequência natural (uma das) do revestimento de poder foi o falar em outras línguas. Observa-se, que, o autor dá destaque às línguas como a primeira consequência desse revestimento; assim, essa verdade se repete ainda em outras porções do livro de Atos dos Apóstolos, como veremos.
Em Atos 10, ocorre outro revestimento de poder, e como se deu no dia de Pentecostes assim também aconteceu na casa de Cornélio, ou seja, o Batismo no Espírito Santo (revestimento de poder), é evidenciado pelo falar em outras línguas, vejamos: “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os Gentios. Porque os ouviam falar em outras línguas e magnificar a Deus” (At 10.44-46).
Vejam que o falar em línguas é mais uma vez apresentado como sendo uma consequência natural do revestimento de poder; ficando claro mais uma vez que essas línguas são a evidência inicial do Batismo no Espírito Santo. Ainda em Atos dos Apóstolos, dessa vez na cidade de Éfeso, veremos outra porção onde as línguas estão intrinsecamente ligadas ao Batismo no Espírito Santo, sendo sua evidência inicial. Vejamos: “E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam em línguas e profetizavam” (At 19. 6). Notem que, Lucas diz que, assim que o Espírito Santo “veio” sobre eles mais uma vez a consequência primária desse enchimento é o falar em outras línguas. Aqui, além de falar em línguas, Lucas registra que eles também profetizaram.
O “profetizar” era uma das consequências naturais ou resultados dos enchimentos que ocorriam no Antigo Testamento (Nm 11.25). As semelhanças quanto a evidência inicial é muito clara se analisarmos conjuntamente essas três porções das Escrituras. Desta forma, cremos que, o Batismo no Espírito Santo (revestimento de poder), tem como Evidência inicial e física, o falar em outras línguas.
LÍNGUAS COMO SINAL E LÍNGUAS COMO DOM
As línguas como evidência inicial do Batismo no Espírito Santo, chamamos de “línguas como sinal”. Essas línguas têm como função primária atestar o revestimento de poder; as mesmas, não devem ser confundidas com o dom de variedade de línguas (1 Co 12.10). As línguas como sinal ocorrem no momento do revestimento de poder e o propósito sumário é evidenciar o Batismo no Espírito Santo. O fato de uma pessoa falar em línguas no momento do Batismo no Espírito Santo, não significa dizer que ela “recebeu” o Dom de variedade de línguas.
A natureza e a origem dessas línguas é a mesma, mas a (as) finalidade são “distintas”. Quando Paulo nos orienta a buscarmos com zelo os Dons Espirituais (1 Co 14.1) obviamente que isso engloba o dom de variedade de línguas; assim, se Paulo “manda buscar”, significa que nem todas as pessoas recebem o dom de variedade de línguas no momento do Batismo. O mesmo Paulo questiona de forma retórica: “Tem todos os dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?” (1 Co 12.3).
A ATUALIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS
Uma das dádivas concedidas por Deus à igreja são os dons. Deus, por sua Graça nos salvou, e por meio dessa graça passamos a fazer parte do corpo místico de Cristo. Através do Batismo pelo Espírito Santo (batismo no corpo de Cristo), fomos emersos e integrados a essa comunidade que Paulo chama de forma metafórica e bela de corpo (1 Co 12.27). A esses que compõem o corpo, na qual Cristo é a cabeça (Cl 1.18). Deus concede dons para que através destes os salvos exerçam uma mordomia que vise: A glória de Deus, a edificação do corpo e o serviço cristão.
Mas, será que aqueles mais de 20 dons que marcaram o início da igreja são atuais? Estão esses dons presentes em nossos dias ou, cessaram com o fechamento do cânon sagrado?
Será que os dons (ou parte deles) foram dados apenas de forma temporária? Perderam parte desses dons a sua ‘utilidade’ após o fechamento do cânon? Examinemos as Escrituras!
No campo das discussões a respeito da atualidade dos dons, dois grupos (principalmente) se destacam: os Continuistas e os Cessacionistas. Continuístas são os Cristãos que creem na atualidade de “todos” os Dons Espirituais. Já os Cessacionistas são aqueles que defendem que, ao menos parte desses dons cessaram, ou não estão em atividade. Para os Cessacionistas, dons como: variedade de línguas; interpretação de línguas; profecia; dons de curar e outros deixaram de “existir” após a era apostólica ou com o fechamento do cânon.
Assim, não há em nossos dias mais manifestações desses dons- segundo essa vertente.
Um Cessacionista em geral, até crê, por exemplo, que Deus pode curar os enfermos, mas negam que Deus “conceda” em nossos dias os dons de curar a alguém. Há algumas ramificações dentro dessa vertente, indo de mais radicais aos chamados Cessacionistas “parciais”; mas tem em comum o fato de negarem que “todos” os dons são atuais etc.
Teriam os dons cessado com o fechamento do cânon?
Se examinarmos as Escrituras sem os óculos de uma tradição engessada e cheia de vícios, é impossível que cheguemos à conclusão de que os dons ou parte deles cessaram. No livro de Atos dos Apóstolos, o Evangelista, Teólogo, médico, historiador e, sobretudo, discípulo de Cristo Lucas, nos narra algo que, usando uma hermenêutica isenta já seria suficiente para atestar a atualidade de todos os dons Espirituais. Lucas inspirado pelo Espírito Santo registra as palavras de Pedro da seguinte forma: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2. 39). Destaco a parte final do versículo “a todos quantos Deus, nosso Senhor, chamar”. Cabe aqui uma pergunta: Deus ainda está a chamar pessoas à salvação? Nenhum cristão em sã consciência negaria o fato de que Deus ainda chama pessoas à salvação; negar isso seria uma violação a toda a Escritura Sagrada.
Ora, Pedro diz que a promessa do revestimento é para todos os que Deus chamar (salvos), logo, se Deus ainda chama pessoas a salvação, obviamente que essa promessa não cessou e assim o Batismo no Espírito Santo e os dons são uma realidade bem presente em nossos dias. Pedro declara que essa promessa (ver Jl 2.28; At 1.8; Lc 24.49), não foi algo restrito ao período apostólico, e não sinaliza de maneira nenhuma que, os dons ou parte deles cessariam com o fechamento do cânon. Vemos aqui que, tanto o revestimento de poder como os dons, são realidades intrinsecamente ligadas à igreja, logo, não cessaram os dons, pois a igreja ainda está na terra.
Na sua primeira carta à igreja de Corinto, logo no início o Apóstolo Paulo afirma: “De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1.7). Em primeiro lugar, Paulo destaca o quanto aquela igreja foi graciosamente abençoada por Deus com os dons, destacando que “nenhum dom faltava naquela igreja”. Na segunda parte do versículo, Paulo entrelaça o assunto acerca dos dons à bendita esperança escatológica. Algumas versões traduzem dessa forma esse versículo: “De modo que não falta a vocês nenhum dom espiritual, enquanto vocês esperam que o nosso Senhor Jesus seja revelado”, ou seja, enquanto aguardavam a Cristo, os dons estariam entre eles. Jesus ainda não veio Arrebatar os salvos, logo os dons não cessaram, mas estão em “atuação”.
Ainda na sua primeira carta aos Coríntios, Paulo afirma: “Mas, quando vier o que o é perfeito, então, o que é em parte, será aniquilado” (1 Co 13.10). O contexto deixa claro que, o que Paulo chama de “o que é em parte” aqui são os dons, e Paulo afirma que, esses dons só serão aniquilados ou cessarão apenas quando vier o que é perfeito. Mas, o que seria “o que é Perfeito”? Alguns para tentar negar a atualidade de muitos dons afirmam que, o “que é perfeito” aqui seria uma referência ao fechamento do cânon. Mas, o contexto imediato e remoto deixa claro que não é isso que Paulo quis transmitir. Como vimos, em 1 Co 1.7, Paulo deixa claro que os dons só cessarão na Vinda de Cristo, logo, “o que é perfeito” tem relação também com a Vinda de Jesus (Arrebatamento), ou seja, “o que é perfeito” é uma referência à glorificação, no momento do Arrebatamento (1 Co 15.51, 52). O paralelismo entre esses dois textos não deixam dúvidas; os dons foram dados à igreja, e enquanto a igreja estiver na terra, “todos” os dons estarão presentes- não cessarão. Vários outros textos das Escrituras mostram claramente que, os dons não cessaram após o fechamento do cânon.
O Apóstolo Paulo, na sua primeira carta aos Coríntios especialmente no capítulo 14, trata acerca de alguns exageros no “uso dos dons” que era uma realidade naquela comunidade.
Nos chama a atenção que, embora Paulo os tenha corrigido com muita firmeza, não há nem vestígio ou sinal Paulo tenha dito algo sobre uma cessação dos dons logo após a era apostólica. Ao invés de se opor aos dons e as suas manifestações, Paulo corrige os excessos e erros cometidos na congregação. Quem corrige não quer extinguir. Logo, se Paulo corrige aqueles excessos, ele estava desejoso de que os membros da igreja continuassem “exercitando” os dons, mas dentro dos padrões estabelecidos por Deus. Se alguns dons cessassem logo no fim da era apostólica ou com o fechamento do cânon, Paulo certamente informaria os irmãos sobre a curta durabilidade dos mesmos no seio do corpo de Cristo. Nem Paulo e nenhum dos demais autores sagrados sinalizam que os dons cessariam após o fechamento do cânon. Muitas falas (inspiradas) de Paulo são provas vivas de que nem ele e nem os demais autores do Novo Testamento, vislumbravam uma igreja na terra sem a realidade de alguns dons como: “Profecia, Variedade de línguas, Interpretação das línguas, Dons de Curar” etc. Passagens como:
● Procurai com zelo os melhores dons (1 Co 14.1);
● Portanto irmãos, procurai com zelo profetizar, e não proibais falar em línguas (1 Co 14.39);
● Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para a edificação (1 Co 14.26);
● Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que todos vós (1 Co 14.18);
● Pelo que, o que fala língua estranha, ore para que a possa interpretar (1 Co 14.13);
● Assim, também vós, como desejais dons Espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da igreja (1 Co 14.12);
● O que fala língua estranha edifica a si mesmo, mas o que profetiza, edifica a igreja (1 Co 14. 4);
● Mas o que profetiza, fala aos homens para edificação, exortação e consolação (1 Co 14. 3).
Fica claro que, nem Paulo, nem os demais autores ou mesmo a igreja primitiva, eram sabedores da brevidade de manifestação de alguns dons. Isso ocorre é óbvio, porque não isso o que dizem as Escrituras, e não fazia parte do propósito divino, como diz Tiago: “Toda boa dádiva e dom perfeito vêm do alto, descendo do pai das luzes, em que não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1.17).
O Cessacionismo (teoria que defende que alguns dons Cessaram) não tem qualquer apoio bíblico, ao contrário, é uma teoria que não pode se valer de uma vírgula das Sagradas Escrituras. Além disso, o Cessacionismo é anti-bíblico, porque além de não ter qualquer fundamento bíblico, se opõe claramente a muitas verdades das Escrituras quanto aos dons, suas manifestações e seus propósitos no corpo de Cristo.
O Cessacionismo é na verdade, uma visão racionalista da fé, é uma sutil tentativa de descartar aspectos sobrenaturais das manifestações do Espírito Santo. Logo, negar a atualidade de vários ou alguns dons como fazem os Cessacionistas, é na verdade pregar, ensinar e viver uma Pneumatologia (doutrina do Espírito Santo) incompleta, distorcida e desassociada de uma boa hermenêutica. Tenhamos cuidado; se o Cessacionismo não tem qualquer fundamentação bíblica, porque o mesmo é defendido?
● Seria a superestimação de uma teologia engessada, em detrimento das Escrituras?
● Seriam os gritos da tradição que abafam os textos sagrados?
● Seriam algumas das graves consequências do racionalismo em alguns ambientes cristãos?
● Seria o comprometimento confessional suplantando verdades das Escrituras?
● Para a reflexão!
Lamentavelmente, vemos alguns que, outrora se diziam Pentecostais, ou que criam na atualidade de todos os dons, oscilando em suas “convicções” ou, até mesmo flertando ou abraçando de vez o Cessacionismo. Com todo respeito, mas esse movimento se dá principalmente por falta de preparo bíblico e teológico. Alguém que tem fundamentação bíblica e teológica, e que realmente conhece suas convicções Pentecostais, jamais abraçará o Cessacionismo. O proselitismo que muitos Cessacionismo tem feito entre pessoas até então Pentecostais, têm tido como principal combustível a ignorância bíblica e teológica. Não é possível levar alguém ao Cessacionismo usando as Escrituras, logo, as armas que sobram e muitas vezes são usadas são:
● Ridicularização das manifestações dos dons;
● Generalizar sobre excessos que ocorrem no "uso dos dons”;
● Usar de malabarismos e cambalhotas hermenêuticas;
● Criar e bater em espantalhos relacionados ao Pentecostalismo;
● Contar experiências negativas que tiveram eventualmente em igrejas Pentecostais;
● Relacionar e igualar propositadamente Pentecostais com Néo Pentecostais;
● E a lista é grande.
Aos amados que, eventualmente tem algum apreço pelo Cessacionismo alguns conselhos:
● Examine profundamente as Escrituras e livre-se de hermenêuticas racionalistas;
● Conheça sua “fé Pentecostal”, estude boas obras (temos muitas), sobre esse tema;
● Adquira bíblias de estudo que, se alinham as convicções Pentecostais e Carismáticas;
● Consuma mais materiais alinhados a nossa convicção bíblica; em livros, redes sociais, mídias em geral e outras fontes;
● Não é pecado você ter questionamentos e dúvidas sobre pontos que cremos, mas busque respostas em que realmente vai somar em sua vida, não em quem vai se opuser às convicções Pentecostais Carismáticas;
● Tenham cuidado com muitos influencers de Youtube que (não todos) estão mais preocupados em adquirir adeptos e seguidores para engajamento do que ensinar o que a Bíblia realmente diz acerca do Batismo no Espírito Santo e dos dons;
● Lembre-se, Cessacionismo não é fruto de uma hermenêutica fiel às Escrituras, mas exatamente o contrário, é uma contradição de claras verdades das Escrituras.
Aos líderes de igrejas Pentecostais e Carismáticas, e líderes de departamentos como o de Jovens e Adolescentes em geral: Invistam ou continuem investindo pesado e com fervor na instrução dos nossos irmãos. Não basta dizer que cremos, mas precisamos fundamentar biblicamente aquilo que cremos. Não basta dizer que somos Pentecostais, mas precisamos nos fundamentar, conhecendo aquilo que cremos. Não são provas bíblicas que faltam aos Pentecostais, mas o conhecimento e a solidificação das mesmas. Precisamos investir forte, com todos os meios que tivermos a disposição:
● Incentivar o estudo Bíblico Sistemático;
● Investir fortemente em Escola Bíblica Dominical;
● Fortalecer nossos cultos de ensino;
● Promover palestras, seminários, fóruns sobre pautas (não só) sobre as convicções que professamos;
● Investir e fortalecer cursos de Teologia de todos os níveis;
● Promover nas igrejas a “cultura da leitura” e leitura de boas obras;
● Incentivar os membros a terem suas bibliotecas particulares, priorizando obras da nossa linha teológica;
● Investir em capacitação de Pregadores Ensinadores, pois, se o púlpito for fraco, como serão as Ovelhas?
● Fazer um trabalho de conscientização dos membros acerca dos conteúdos encontrados nas mídias sociais (conteúdos teológicos e afins);
● Estas e outras medidas são extremamente importantes para a “solidificação” escriturística daquilo que cremos. Sem instrução não há uma fé sólida.
Por fim, vimos que o Batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder, uma dádiva de Deus que, tem como evidência inicial o falar em outras línguas. O Batismo no Espírito Santo é uma bênção “distinta” da regeneração, e/do Batismo no corpo de Cristo. Vimos que, o propósito áureo do revestimento de poder é o testemunho, logo, seus laços são profundos com a obra da “Grande comissão” (Mt 28. 19,20). Vimos também que, todos os dons são atuais, e assim será até o Arrebatamento da Igreja. Não há qualquer indício bíblico de que os dons cessariam após o fechamento do cânon ou com o fim da era Apostólica. Vimos que o continuísmo dos dons é claramente comprovado nas Escrituras, enquanto que o Cessacionismo não tem nenhuma fundamentação Escriturística.
Preguemos, ensinemos e vivamos que, enquanto a igreja não for Arrebatada, Jesus continuará a batizar salvos no Espírito Santo e que o Espírito Santo continuará a conceder dons aos salvos como quer e para o que for útil. A glória de Deus e a edificação do corpo.
JESUS SALVA, CURA, BATIZA NO ESPÍRITO SANTO E BREVE VOLTARÁ.
Em Cristo: Romário Rodrigues
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