SARADAS PARA SARAR

"Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubis” ( PV 31. 10). Como seres humanos, estamos suscetíveis às feridas na jornada da vida. As possibilidades e caminhos dos ferimentos provêm de várias fontes, e podem atingir diversas áreas das nossas vidas. É possível viver sem ser ferido? Não! Em maior ou menor grau, em algum momento, em alguma área das nossas vidas, alguma "flecha" interna ou externa deixará sua marca em nossas vidas. Se por um lado não estamos isentos das lesões, por outro lado há alguns fatores a se considerar:

● Como anda nosso sistema imunológico? E como o mesmo lida com as flechas

que se aproximam? Ou seja, como anda o terreno onde caem os dardos? Qual a

sua estrutura?

● Que conceito acerca de nós mesmos nós carregamos? Quem somos nós? Quando

olho para meu interior, a quem vejo? O conceito é positivo ou negativo? A resposta

será a resposta de muitas outras perguntas.

● Como eu lido com as feridas que me atingem? As negligencio? As potencializo? Ou

procuro sará-las?

● A forma como se encontra o terreno do no ser, o conceito acerca de nós mesmos e

a forma como reagimos as flechas, sem dúvidas, são fatores determinantes diante

das lesões que a vida nos “prega”.

ONDE SOMOS FERIDOS?

Muitas são as áreas das nossas vidas onde as feridas podem se enraizar, entre elas:

● A alma

● O espírito

● O Corpo

● A auto imagem

● As relações interpessoais

● Na afetividade

● Na auto estima

● No papel da mulher ( lar, maternidade, mercado de trabalho, igreja,

sociedade…etc )

● No tipo psicológico

● Na "não" auto realização

● Essência versus "síndrome de pertencimento" etc.

PRECISAMOS ESTAR SARADOS PARA SARAR?

Estar sarado não significa ausência de problemas, ou inexistência de motivos que trazem

tristeza. Ser sarado não significa blindagem contra as flechas e nem necessariamente a

cura plena em todas as áreas das nossas vidas.

Ser sarado não significa perfeição, e também não significa que temos o domínio e

controle de todos os problemas que rondam nossas vidas. Note que, os sarados um dia

se feriram, e foram "curados, restaurados" e em muitos casos, estão possibilitados, a

serem "canais da cura". Os sarados geralmente: reconhecem suas feridas, admitem seus

efeitos negativos, entendem suas limitações anti as inúmeras flechas que nos ferem,

procuram "canais da cura" e não desistem da busca pelo restabelecimento em qualquer

área da sua vida. Assim, qualquer pessoa que almeja ser "canal de cura", deve a

princípio estar consciente de suas próprias feridas e estar disposta a ir em busca da "cura

de si mesmo". Cuidado, estar ferido não necessariamente significa:

● Fragilidade

● Culpa pela situação

● Incapacidade de estar bem

● Que as feridas se perpetuarão

ONDE AS FLECHAS NOS ATINGEM

ESPÍRITO: O nosso espírito está sujeito às feridas. Ciente dessa realidade, como

tem sido o exercício da nossa mordomia a esse respeito? Temos fortalecido nosso

espírito? Temos utilizado as disciplinas espirituais como meios eficazes para

fortalecê-lo? Por outro lado, que medidas temos tomado diante das feridas

espirituais? A Escrituras, a oração e a comunhão com Deus, são os meios eficazes

para curar asferidas espirituais.

ALMA: Nossa alma é o centro das nossas emoções e sentimentos. Emoções na

alma estão atreladas a: alegria, tristeza, vontade, inteligência etc. Eis uma área

onde as flechas por vezes se amontoam, a nossa alma. Assim, como tem sido nossa

gestão emocional? Quais investimentos temos feito na saúde emocional

preventivamente e progressivamente? Inúmeros são os casos de doenças

psicossomáticas, doenças da alma que permeiam todo o corpo. Veja que, os

problemas não se isolam, e também não se extinguem. Precisamos admiti-los, e

procurarmos ajuda profissional, além de sempre promovermos a saúde emocional nas nossas vidas, por várias vias possíveis e, entendendo que não há promoção da

saúde mental, sem a consciência do seu real valor, para nós e para os outros. A

vida importa, logo a saúde mental importa (1 Sm 1.10-18)

CORPO: O corpo é nosso lado material, é o nosso "homem" exterior. Nosso

cuidado precisa ser integral: espírito , alma e corpo, qualquer negligência em um

desses aspectos, poderá comprometer seriamente todo o nosso ser. O cuidado

com o corpo é essencial, porém, precisamos rejeitar os modelos e padrões

inatingíveis que o mundo quer nos impor. As palavra são: equilíbrio, zelo, amor

próprio sim. Já o narcisismo e a busca desenfreada de viver os padrões de

"corpos perfeitos", não! (Gn 1.27)

A AUTOIMAGEM: Autoimagem (de uma forma simples) é a forma como o

indivíduo se enxerga, exteriormente e interiormente. Assim, é muito

importante analisar o conceito que nós temos formado acerca de nós

mesmos. Responda a seguinte pergunta: QUEM É VOCÊ? Claro, não me

refiro a seu nome SUBSTANTIVO, mas sim a seu nome ADJETIVO. Ou

seja, como você se vê quando olha para dentro de si? A quem você vê?

Você consegue ter orgulho de si mesmo? Seu olhar para seu corpo, alma,

comportamento é de aceitação ou rejeição? As respostas, certamente, dirão

muito a respeito de boa parte do que você está vivendo nesse exato

momento. Pense nisso!

RELAÇÕES INTERPESSOAIS: É a nossa relação com as demais pessoas. Veja

que, o Estado do nosso espírito, nossa alma, nosso conceito de autoimagem, são

fatores cruciais nas relações interpessoais. Ou seja, primeiro preciso estar bem

com Deus, depois preciso estar bem comigo mesmo (relação intrapessoal) e, só

assim, serei bem sucedido nas relações interpessoais. Nessa relação, o exercício

do perdão, por exemplo, é fator crucial e norteador. O perdão, diz muito mais como

estou com Deus e comigo mesmo, do que como estou com meu próximo (Mt 6.14).

Nas relações interpessoais, ferimos e somos feridos. Geralmente, são feridos que

ferem.

AUTOESTIMA: Autoestima seria uma variação do "amor próprio", ou são expressões

intercambiáveis. Autoestima passa pela autoimagem, ou seja, a forma como nos

vemos e a avaliação que fazemos de nós mesmos. O Conceito que você tem acerca

de si mesmo, determinará o estágio da sua autoestima (PV 31.10).

O PAPEL DA MULHER: Segundo pesquisas, cerca de 85% das mulheres dizem não

se dar conta de seus "papéis diários”. Qual a raiz de tudo isso? Para reflexão: Não

seria a omissão de muitos homens, embriagados pelo machismo (o verdadeiro),

omitindo de seus papéis? Contribuindo para a sobrecarga na vida e papel da mulher?

Ou, não seria o caso de muitas mulheres estarem fantasiadas pelas seduções do

feminismo? Buscando se encaixar nos perversos padrões e modelos dessa

ideologia? Ou, talvez seria a junção das duas coisas? Pensei nisso. Os papéis

são bem definidos nas Escrituras e não trazem fardos e bem feridas.

O TIPO PSICOLÓGICO: Segundo Carl Jung, há alguns tipos psicológicos, entre

eles, o introvertido e o extrovertido. O tipo psicológico em si não é fator de conflito

essencialmente. O que acontece é que, por vezes, não há respeito e sensibilidade

quando as diversidades do ser. Algumas pessoas, por exemplo, são ásperas com

quem não é portador do seu mesmo tipo e, por vezes, trata o ser diferente do

outro como se fosse um defeito ou, um mal a ser abandonado. Assim, não é raro

muitas feridas se abrirem nessas relações. Não podemos viver a tentação de

transformar o outro em nós mesmos. Devemos respeitar a diversidade criada por

Deus.

A AUTO REALIZAÇÃO: É a realização de nossas próprias capacidades

ou habilidades. Aqui, Precisamos pontuar que, a auto realização não

significa ser eficiente em tudo; também não significa que todos os nossos

desejos serão realizados. Somos humanos e, portanto, somos limitados e

frágeis.Por isso, precisamos ter cuidado com os altos padrões que

estabelecemos para nós mesmos. Muitos deles, irreais e utópicos.

Desenvolver nossas habilidades e capacidades sim, mas, precisamos

entender o real sentido de auto realização, a fim de não perdermos o

sabor da vida, na busca dos padrões inatingíveis e ultra planetários. Muitas

feridas são abertas, quando somos abatidos pelas frustrações de nossos

planos e desejos. Não deixemos que alguns insucessos se transformem

em mostrar que irão nos atormentar. Aliás, alguns insucessos são

extremamente necessários (Rm 12.2).

ESSÊNCIA × SÍNDROME DO PERTENCIMENTO: Todos Nós temos uma essência (o

ser em si), e devemos ser felizes em Deus por Ele nos ter criado "únicos". Mas, na

contramão disso, alguns vivem a terrível

síndrome do pertencimento.

E a tentação de querer se encaixar nos padrões sociais no: vestir, andar, comportar,

no embelezamento, nas tendências da moda, etc. A "síndrome do pertencimento" é a

necessidade de ser aceito nas rodas do dia a dia, assim, muitos vivem sempre em

função de agradar os outros para serem de alguma forma aprovados e aceitos. Isso

lhes traz algum alívio momentâneo, mas não preenche a larga lacuna da fuga de si

mesmo ( Sl.8. 4,5 )

O QUE NOS FERE?

● Palavras (ruins, ferem mais que uma espada);

● Perdas (pessoas, bens …);

● Abusos (sexuais , morais e psicológicos);

● Nós mesmos (sim, nós mesmos por vezes somos nossos próprios algozes);

● Rejeição (eis uma fonte de feridas profundas);

● Sentimentos mal resolvidos (ex: no casamento);

● A falta de perdão (é a tortura de si mesmo);

● Metas não alcançadas (reflita sobre auto realização);

● Experiências negativas (traumas etc);

● Desprezo (principalmente dos mais próximos);

● Padrões de "espiritualidade" não atingidos;

● As crises próprias das fases da vida como (menopausa);

● Desajuste hormonal (ainda que não sejam feridas crônicas, às vezes);

● Doenças emocionais como: ansiedade, depressão etc;

● O sentimento de inutilidade (o que faço no mundo);

● Bulling doméstico, ou seja, críticas ao corpo, por exemplo.

São apenas algumas situações que "nos trazem" FERIDAS,

COMO SARAR?

● Sempre esperar e confiar em Deus;

● Cuidar da vida emocional, promovendo a gestão emocional através do auxílio profissional;

● Reconhecendo a realidade das feridas;

● Estando disposto a sará-las;

● Desenvolvendo o amor próprio;

● Investindo em relações com Deus e na relação intrapessoal;

● Fugir da "síndrome de pertencimento";

● Admitindo o óbvio, somos humanos, portanto limitados. São algumas das múltiplas formas.

Como podemos SARAR? Como sermos instrumentos da "CURA"?

Não há possibilidade de colocarmos remédio nas feridas alheias se primeiro não

cuidarmos das nossas. Por vezes, somos peritos em: diagnosticar, medicar e cuidar de

uma virose que acomete um amigo, mas ao mesmo tempo, somos negligentes com o

"câncer" que corrói a nossa alma. Só amamos realmente o outro, quando amamos a nós

mesmos. E quem ama, cuida. Deus certamente quer te usar como "canal" de cura para

outras vidas, mas quem sabe, talvez você mesma também esteja precisando de cura?

Permita-se ser curado. Viva a vida!

Assim, a bíblia nos diz: "Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de

rubis" (PV 31.10).

Para refletir: O que é maturidade?

● E reconhecer os pontos fracos e transformá-los em forte

● É ter a capacidade de rir de si mesmo (Freud)

● Maturidade é reconhecer os pontos fortes e colocá-los em prática.

SARADAS PARA SARAR

Em Cristo: Romário Rodrigues