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Hermenêutica e Exegese

Atualizado: 19 de ago.


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Definição de Hermenêutica:


O termo Hermenêutica procede do verbo grego hermeneuein, usualmente traduzido como interpretar, e do substantivo hermeneia, que significa interpretação. Tanto o verbo quanto o substantivo podem significar tradução, traduzir, explicação, interpretação.


Assim, em geral podemos dizer que, a Hermenêutica é “a arte de interpretar”.


Origem do termo:


Muitos acreditam que o termo hermenêutica remete ao deus Grego Hermes, o deus mensageiro da mitologia Grega.


Hermes (Mercúrio) segundo a mitologia greco-romana, era filho de Zeus e de Maia, sendo o arauto e mensageiro dos deuses.


Era também considerado o deus da ciência, da interpretação e eloquência. Em Atos 14.12, Barnabé foi chamado de Júpiter (Zeus) e Paulo de Mercúrio (Hermes), pelos povos “pagãos”, os quais foram repreendidos por Paulo. Paulo foi chamado de Hermes (Mercúrio), justamente porque era o que falava, mas claro, esse era um grande equívoco dos habitantes de Listra.


Os vários ramos da hermenêutica:


Em geral, a Hermenêutica pode ser descrita de forma sucinta como "a arte ou a ciência da interpretação". Como tal, essa ciência ou arte é ampla e, existem várias áreas de atuação, a saber:


* Hermenêutica bíblica

* Hermenêutica Jurídica

* Hermenêutica Filosófica

* Hermenêutica sociológica

* Hermenêutica popular etc.


Assim, o campo de atuação da hermenêutica é amplo, e todos nós em vários momentos da vida estamos "fazendo hermenêutica”, ou interpretando alguma coisa; seja interpretando leis, fatos, eventos, as Escrituras etc.


Aqui trataremos de forma sucinta da hermenêutica bíblica, a arte ou ciência de interpretar corretamente textos bíblicos.


Sabemos que o Espírito Santo é o autor das Sagradas Escrituras. A bíblia é a palavra de Deus.


Acerca das Escrituras cremos que ela é:


● Plenamente inspirada por Deus - verbal e plenária (inspiração registral)

● Completa (Ela não contém ou se torna, mas é a Palavra de Deus “completa”)

● Inerrante (Ela não contém erros)

● Infalível (Suas promessas, profecias etc. não falharão, se cumprirão integralmente)


Sendo o Espírito Santo o autor das Escrituras, logo é seu "intérprete por excelência”. Intérprete apenas como força de expressão, pois o conteúdo das Escrituras foi “soprado” pelo próprio Espírito Santo. O Espírito Santo é Onisciente, tem conhecimento pleno, total sobre todas as coisas, inclusive das Escrituras que procede dEle.


Assim, devemos sempre buscar o auxílio do Espírito Santo na interpretação das Escrituras; sem isso, nossa interpretação estará comprometida e desvirtuada. Não é possível fazermos uma hermenêutica ou interpretação perfeita, mas, com o auxílio do Espírito Santo e o bom uso da Hermenêutica, podemos fazer uma “hermenêutica sadia” e que corresponda mais fielmente a veracidade das Escrituras.


No estudo das Escrituras e na interpretação bíblica, é importante fazermos a distinção entre três “coisas”: revelação; inspiração e iluminação.


Esdras Costa Bentho assim define:


1. Revelação: “O desvendar de algo oculto. Tornar conhecido aquilo que não era previamente do conhecimento. Seja em sonho, no interior do crente, a forma da revelação chegar até nós. No caso em estudo, a bíblia é o manual que Deus revelou ao homem para que o mesmo compreenda a sua perfeita vontade.


2. Inspiração: É o mover do Espírito Santo no intelecto e nas emoções dos Escritores. Isso não quer dizer que os mesmos agiram como máquinas. Se fosse assim, não havia diversos gêneros literários na Bíblia. Os Escritores da Bíblia escreveram acerca de coisas que eram conhecidas por eles, e outra não, mas que eram “reveladas” por Deus.


3. Iluminação: É tornar algo claro. Isso ocorre quando o Espírito Santo ajuda na compreensão de um determinado texto. Logo, quando fazemos uma boa interpretação e compreendemos o seu “verdadeiro sentido”, isso se chama iluminação, e não revelação.


Assim, devemos sempre nos submeter ao Espírito Santo na interpretação das Escrituras (em tudo), isso é fato.


Mas, a submissão ao Espírito Santo não nos impede de fazer o bom uso da Hermenêutica nesse processo.


Uma coisa não anula a outra.


Devemos submissão ao Espírito Santo, e lançar mão dos bons princípios de interpretação das Escrituras.


Quanto à hermenêutica bíblica, o professor e especialista em Hermenêutica Esdras Costa afirma:

"Hermenêutica bíblica é a disciplina da teologia exegética que ensina as regras para interpretar as Escrituras e a maneira de aplicá-las corretamente.


Seu objetivo primário é estabelecer regras gerais e específicas de interpretação, a fim de entender o verdadeiro sentido do autor ao redigir as Escrituras. É a ciência da compreensão dos textos bíblicos."


A Hermenêutica Dispensacionalista.


O Dispensacionalismo (de forma bem sintetizada) pode ser descrito como um “sistema de interpretação das Escrituras".


Antes de se desdobrar na Escatologia (Doutrina das Últimas Coisas), o Dispensacionalismo é primeiro um “sistema de interpretação” (Hermenêutica), e Eclesiológico (Doutrina da igreja).


Um dos aspectos distintivos do Dispensacionalismo é o seu uso do método hermenêutico conhecido como "histórico gramatical", ou método de interpretação literal, natural e simples do texto. Esse método, interpreta as Escrituras a princípio de forma simples, natural, assim como está escrito, sempre levando em consideração os fatores gramaticais e históricos/contextuais do texto.


“O Dispensacionalista não nega a realidade das figuras de linguagem, dos símbolos” etc. Mas, quem determina se uma passagem pode ser interpretada como literal ou simbólica não é o intérprete, mas sim o próprio contexto. O leitor/intérprete, não pode impor ao texto seus pressupostos, mas deve considerar os fatores gramaticais, históricos e contextuais a fim de absorver as verdades e o sentido preterido pelo autor sagrado.


Vale ressaltar que, mesmo nas passagens em que o contexto deixa claro que não são passagens literais, ainda assim, essa passagem simbólica aponta para uma "realidade literal", ver exemplo (Ap 12.1 e Gn 37.9).


Dessa forma, o método HISTÓRICO GRAMATICAL, ou simples, natural, comum de interpretação das Escrituras, é o método mais eficiente de interpretação da mesma.


O Método alegórico


Acerca do método alegórico Esdras Costa Bentho afirma:


● “De acordo com esse método (alegórico) o sentido literal e histórico das Escrituras é completamente desprezado, e cada palavra ou acontecimento são transformados em alegoria de algum tipo, a fim de escapar de dificuldades teológicas ou para sustentar certas crenças estranhas e alheias ao texto bíblico.


Assim, não interpreta o texto bíblico, mas perverte o verdadeiro sentido deles, embora sob o pretexto de buscar um sentido mais profundo ou mais espiritual.”


Logo, no alegorismo o intérprete se impõe ao texto, sem respeitar os aspectos históricos e gramaticais, por isso esse método deve ser prontamente rejeitado.


Veja um exemplo de alegorização do texto bíblico (Ap 20.1-7). No método alegórico, a intenção original do autor sagrado é substituída pelos pressupostos do intérprete, o que é um erro gravíssimo.


O Dispensacionalismo, é o “único sistema de interpretação” das Escrituras que usa de forma consistente o método HISTÓRICO GRAMATICAL, os demais sistemas usam até certo ponto, ou até onde o método não comprometa seus pressupostos. Por exemplo, muitos Aliancistas em geral, dizem utilizar o método HISTÓRICO GRAMATICAL, mas o abandonam rapidamente quando o assunto é Profecia/Escatologia.


Logo, o método é rejeitado por estes no equivalente a 25% das Escrituras ou mais. Só o Dispensacionalismo usa uma hermenêutica consistente.


Lacunas entre nós e o texto bíblico. Acerca das “lacunas” Roy B. Zuck pontua:


● “É grande o distanciamento entre nós e o texto Bíblico. Esse distanciamento é também conhecido por lacuna. O nosso conhecimento está separado das intenções originais do autor por milhares de anos e por diferenças de cultura, idioma e situações históricas.”


Algumas “lacunas”:


● Distanciamento temporal.

Há uma distância temporal significativa entre nós e o tempo em que a Bíblia foi escrita.


● Distanciamento contextual.

Os livros da bíblia foram escritos em várias situações diferentes: no deserto, no Palácio; na cadeia, em contextos muito diferente do nosso.


● Distanciamento cultural.

O mundo em que os escritores da Bíblia viveram já não existe. A época, e a cultura em geral era muito diferente dos nossos dias.


● Distanciamento linguístico.

As línguas em que a Bíblia foi escrita também se encontram distanciadas de nós. São línguas com diferenças significativas do Português. Poucos são os que aprendem essas línguas (Hebraico, Aramaico e Grego).


● Distanciamento autoral.

Os autores (humanos) já estão mortos. Mas, o supremo autor das Escrituras (Espírito Santo) é imortal, e está presente no momento em que meditamos nas Escrituras.


Alguns exemplos práticos dessas “lacunas”:


● Tempo.

Os textos originais das Escrituras já não existem mais, o que temos são cópias, e não os autógrafos (escritos pelos próprios autores).


● Contexto.

Alguns escreveram enquanto estavam na corte real (Daniel), outro na beira do rio Quebar (Ezequiel), outro no deserto (Moisés), outro na prisão (Paulo). Em locais diferentes, em contextos diferentes e em 3 continentes, em um período de aproximadamente 1600 anos, 16 séculos.


● Cultura.

Compreender a cultura dos tempos bíblicos é essencial para a boa interpretação. Os locais onde os eventos se passaram, tinham uma cultura diferente da nossa.

Veja esses dois exemplos:

Mt 10.27 e Mt 5.13. Só é possível compreender bem essas passagens, se compreendermos o seu “pano de fundo”, ou contexto histórico cultural.


● Língua.

A bíblia foi escrita em 3 idiomas a saber: Hebraico, Aramaico e Grego, e isso precisa ser levado em consideração na hora de interpretarmos as Escrituras. A mesma não foi escrita em língua portuguesa e é preciso transpor esse “abismo”. Veja dois exemplos (Gn 6.6 e Mt 24.34).


● Autor.

Sabemos que a Bíblia é a palavra inspirada em Deus. Homens inspirados (cerca de 40) registraram os 66 livros que compõem o Antigo e Novo Testamento. Os autores humanos (todos) já morreram, mas o autor pleno, divino das Escrituras é eterno e imortal (1Tm 6.16). Como alguém disse: “a Bíblia é o único livro que você lê e que o autor sempre está presente.”


Regras básicas de interpretação


É preciso destacar que, a bíblia interpreta ela mesma. Essa é a regra áurea da interpretação bíblica. Isso significa que, embora devemos utilizar métodos de interpretação, é a Escritura que interpreta a si mesma, dentro dos seus 66 livros, encontramos luz, maior compreensão sobre uma passagem em apreço, levando em consideração a “revelação progressiva” e o paralelismo. Veja um exemplo (Compare Ap 4.5, onde fala sobre os 7 Espíritos de Deus e veja Is 11.2, onde “descobrimos” quem é os sete Espíritos de Deus. Ou seja, é uma referência ao próprio Espírito Santo.)


A regra do contexto.


Todo texto deve ser interpretado dentro de seu contexto. Se o contexto não for considerado, a interpretação estará comprometida e enviesada. Não considerar o contexto é abrir portas para: distorções, malabarismos hermenêuticos, heresias etc.


Tipos de contexto:


● Contexto inicial.

É a própria frase ou versículo em que o termo foi usado. Antes mesmo de recorrer ao contexto imediato ou remoto, é extremamente necessário entender o texto (frase) onde o termo aparece em seu conjunto (Pv 22.28). Por isso é muito importante ler o texto com calma, analisando e refletindo sobre o mesmo, aí então pode-se partir para o contexto imediato.


● Contexto imediato.

O Contexto Imediato, consequente ou microcontexto, é aquele que procede imediatamente ao texto. Ex: (Mt 5.36; Fp 4.13; 2 Co 3.6). Ou seja, o contexto imediato é o entorno do texto estudado; são os versículos e até capítulos mais próximos do texto em exame.


● Contexto remoto.

O macrocontexto, também chamado de amplo ou remoto de uma palavra ou versículo, é um contexto maior que a palavra ou versículo que precede ou segue o versículo considerado. Ex. (Is 6.8; At 28.25-27). O contexto remoto se refere a outras passagens das Escrituras que não estão tão imediatas ou próximas do texto estudado. Ou seja, ao estudarmos Apocalipse, precisamos inevitavelmente recorrer a outras porções das Escrituras como: Gênesis; Ezequiel; Daniel; Zacarias etc. São livros que estão mais remotos de Apocalipse mas que são fundamentais para a sua compreensão.


● Contexto histórico cultural.

Esse contexto leva em consideração o fator histórico e cultural dos povos bíblicos. Veja um exemplo (Quem me livrará do corpo desta morte - Rm 7.24,25). Por isso é necessário que o estudante das Escrituras disponha de materiais que trabalhem essa temática: Comentário histórico cultural; geografia bíblica; atlas bíblico; panorama bíblico; manuais de usos e costumes dos tempos bíblicos; dicionário bíblico etc.


O Paralelismo.


Segundo o Dicionário Houaiss, paralelismo é:

● “A relação de simetria ou correspondência do texto, feita entre ideias, estruturas verbais ou segmentos que funcionam de maneira coordenada na composição de um enunciado”


Falando de paralelismo em sua forma mais abrangente (ressaltando que existem variações no paralelismo), seria o ato de pôr ao lado, versículos, passagens e textos das Escrituras que tratam do mesmo assunto. Muitas das vezes, um texto lança mais luz (sem abolir o sentido primário) sobre uma passagem em apreço.


Exemplo. Em 1 Rs 17.1 é dito que: “...Sob a palavra de Elias naqueles anos (tempo indefinido) não choveria sobre a terra”.

Mas, em Tiago capítulo 5.17 é dito que: “...Elias pediu para que não chovesse e não choveu por três anos e meio sobre a terra”.


Aqui temos a informação quanto ao tempo (3 anos e meio) e ao pedido (ele pediu a Deus, não agiu por conta própria). Ou seja, em reis nos é dito que Elias agiu segundo a sua palavra; mas Tiago complementa dizendo que ele antes orou a Deus. Em reis, nos é dito que Elias orou para que não chovesse, mas em Tiago nos é informado o tempo em que ficou sem chover- três anos e meio. Assim, é muito importante lembrar que, em geral, os temas bíblicos são tratados nas Escrituras em mais de um lugar. Ou seja, geralmente há mais de um texto tratando do mesmo assunto. Por isso é extremamente importante compará-los para uma melhor compreensão da verdade bíblica.


Fazer perguntas ao texto.


Na interpretação a arte de fazer perguntas ao texto é muito importante. Perguntas como:

● Quem escreveu ou está falando?

● A quem escreveu?

● Por que escreveu?

● Onde estava quando escreveu?

● Em quais circunstâncias isso foi dito?

● Qual era o propósito daquela fala?

● Que objetivo quem falava queria alcançar?


Exemplo:

A carta de Paulo aos irmãos Filipenses é uma das cartas da prisão (assim como Efésios, Colossenses, Filemom - provavelmente 2Timóteo).

Foram cartas que Paulo escreveu enquanto estava na prisão.

Paulo escreve aos irmãos de Filipos que estavam abatidos, desanimados com sua prisão. Através desta carta, Paulo então preso (fisicamente), anima seus irmãos que estavam livres (fisicamente) mas abatidos. A palavra alegria e seus sinônimos aparecem cerca de 17 vezes nesta carta que é conhecida como “a carta da alegria”.

Paulo, mesmo preso fisicamente, estava alegre a ponto de animar aqueles que sofriam por sua prisão. Que exemplo!

As algemas e as grades, não roubaram a alegria de Paulo. Pois, a alegria cristã é inscircustancial.

Ela depende única e exclusivamente da presença do Espírito Santo em nós (Sl 16). Compreender “o pano de fundo” de cada passagem ou livro é indispensável.


As figuras de linguagem


Figuras de linguagem são formas de expressão que destoam da linguagem literal comum ou denotativa. Elas dão ao texto um sentido que vai além do sentido literal

“As figuras de linguagem servem para comparar, contrastar, acrescentar entre outras finalidades”.


São inúmeras as figuras de linguagem, veremos algumas e exemplos de suas ocorrências nas Escrituras:


● “Símile.

Símile é a figura de linguagem de comparação (João usa muito no Apocalipse: Como, semelhante, parecido).

Ex. “Ide. Eis que vos mando COMO cordeiros” (Lc 10.3) e (Mc 4.31)


● “Metáfora.

A metáfora se parece com a Símile. Porém na metáfora a comparação é subentendida excluindo a palavra COMO.

Ex. “O Senhor É meu ROCHEDO, e o meu lugar forte, e o meu libertador, o meu libertador, a minha FORTALEZA, em que confio, o meu ESCUDO, …” (Sl 18.2)”


● “Antropomorfismo.

É a figura de linguagem que atribui formas ou atributos humanos a Deus. Ex. Mãos de Deus, ouvidos de Deus (Is 59.1), pés de Deus (Is 66.1)


● “Antropopatia.

É a figura de linguagem que atribui sentimentos humanos a Deus. Ex. Deus se irou, Deus se arrependeu (Gn 6.6)


● “Personificação/Prosopopeia.

A Personificação ocorre quando locais, ações ou objetos são descritos com traços humanos.

Ex. Objetos: “Os montes e os outeiros exclamarão de prazer perante vossa face, e todas as árvores do campo baterão palmas” (Is 55.12, Jr 14.7, Is 1.5)


● Metonímia.

Metonímia ocorre quando se usa um nome em lugar de outro.

Ex. Jornalistas referem-se ao governo dos Estados Unidos usando a expressão “Casa Branca”.

Bíblia. “.. Eles têm Moisés e os Profetas, ouçam-nos”.

Moisés e os profetas é usado em lugar de seus escritos (ou de toda a Escritura. Lc 16.29)


● “Sinédoque.

A sinédoque ocorre quando a bíblia usa uma expressão em que a parte é tomada pelo todo, ou vice-versa.

Ex. Todo pela parte: “E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na casa do Senhor” (Jr 26.9). Na verdade não foi todo o povo, mas uma parte que representava provavelmente a maioria do povo. Há aqui a presença de uma sinédoque.


● Ironia.

Ironia ocorre quando se diz uma coisa, pretendendo dizer outra.

Ex. “E voltando Davi para abençoar a sua casa, Mical, a filha de Saul, saiu a encontrar-se com Davi e disse: Quão honrado foi o rei de Israel” (2Sm 6.20). Ela usou a expressão honrado de forma irônica; na prática ela quis dizer outra coisa.


● “Hipérbole.

É uma figura de linguagem que se baseia em exagero intencional.

Ex. “Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama, molho o meu leito com as minhas lágrimas” (Sl 6.6). Outros exemplos: estou morto de fome; estou careca de saber etc. são forças de expressões, exagero.


● Eufemismo.

O eufemismo é uma figura de linguagem que se utiliza de palavras, expressões mais suaves, em lugar de palavras ou expressões mais duras e pesadas.

Ex. Em João 11, Jesus disse que Lázaro estava dormindo, uma outra forma de dizer que o mesmo estava morto (Jo 11.12-15).


● Símbolo.

O símbolo é uma figura de linguagem que utiliza símbolos, imagens ou objetos, para expressar ideias ou conceitos abstratos.

Ex: A pomba é um símbolo do Espírito Santo (Lc 3.23).


Acerca dos símbolos, os Professores Valdeci do Carmo e Jonas Mendes, advertem que "não existem símbolos universais”. O que isso quer dizer?

Significa que, pelo fato da pomba (por exemplo), ser um símbolo do Espírito Santo em Lc 3.22; isso não significa que em todas as passagens das Escrituras onde aparece uma pomba, significa que é uma representação do Espírito Santo. Precisamos ter cuidado e analisar especialmente o contexto.


Além destas existem muitas outras figuras de linguagem como: tipos, “alegorias” etc.


Hermenêutica/Exegese


“A Hermenêutica precede a Exegese. Esta, por sua vez, vale-se dos princípios, regras e métodos hermenêuticos em suas conclusões e investigações. O sentido literal do termo confunde-se com o vocábulo Hermenêutica, de sorte que às vezes, se usa os dois simultaneamente”


O que é de fato Exegese?


Esdras Costa Bentho destaca que:

● “Exegese é a aplicação dos princípios hermenêuticos para chegar a um entendimento correto do texto”. Refere-se à ideia de que o intérprete está derivando seu entendimento do texto, em vez de incutir no texto o seu entendimento. Enquanto a Hermenêutica é a teoria da interpretação, a Exegese é a prática.”


“Etimologia da palavra Exegese.

Do Grego, Exegese tem o sentido de: aplicar, contar, descrever, relatar etc (Lc 24.35; At 10.8).


Veja que, o que geralmente é chamado de Exegese, na verdade é hermenêutica. A Hermenêutica é a interpretação, enquanto a Exegese é a prática, o resultado ou desdobramento da hermenêutica. Assim, a Exegese depende totalmente da hermenêutica; ambas precisam “andar de mãos dadas”. Não há boa Exegese sem uma boa hermenêutica.


Exegese x Eisegese


De forma bem simples, Exegese é a explicação, daquilo que se extraiu do texto, mediante o uso de uma boa hermenêutica.

Dessa forma, se extrai do texto o seu “verdadeiro sentido”. É trazer para fora a intenção do autor sacro.


“Já a Eisegese, consiste em manipular o texto para dizer o que ele não diz: É o movimento de fora pra dentro.

Ou seja, o intérprete leva seus pressupostos ao texto, “fazendo” ele dizer o que não pretendia originalmente (A Eisegese deve ser rejeitada; é um risco que se corre, principalmente se não fizer uso de uma boa hermenêutica). A Exegese é fruto de uma boa hermenêutica; já a Eisegese é fruto dos pressupostos humanos desassociados de uma boa interpretação.


Alguns auxílios indispensáveis na interpretação bíblica


● A dependência do Espírito Santo.

Como já falamos anteriormente, sem ela, não existe boa interpretação e consequentemente boa Exegese.


● Oração.

Os nossos estudos devem ser: precedidos, acompanhados e concluídos com oração. Sem oração, nada feito!


● Ter bons dicionários bíblicos e teológicos.


● Adquirir bons comentários bíblicos.


● Boas bíblias de estudo auxiliam e muito.


● Teologias Sistemáticas são excelentes recursos.


● Panoramas bíblicos e atlas bíblicos são indispensáveis.


● Materiais que tratam do contexto histórico cultural da bíblia são importantes.


● Bíblia ou material que trazem recursos relacionados às línguas originais da Bíblia, como por exemplo: Bíblia de estudo palavra chaves.


● Teologias do Antigo e Novo Testamento, um recurso indispensável.


● Concordância bíblica, ou material sobre estudo de temas e personagens bíblicos.


● Livros sobre interpretação bíblica.

Além de outros materiais sobre temas gerais ou específicos das Escrituras.


É indispensável que o estudioso das Escrituras tenha sua biblioteca particular. Alguns materiais (se bem escolhidos e usados), já podem fazer a diferença na interpretação e compreensão das Escrituras.

Tais como os citados acima e outros.

Comece aos poucos, e logo terá mais recursos para somar nessa jornada de aprendizado e edificação.


Uma palavra aos cristãos


Como servos de Deus devemos investir em nosso estudo Sistemático e Devocional das Escrituras. Esse estudo não é importante “apenas” para aumentar nosso conhecimento, mas também para aumentar nossa comunhão com Deus.

Sem o estudo das Escrituras, jamais experimentaremos uma verdadeira espiritualidade cristã.

Separe um tempo para o estudo das Escrituras diariamente e não negocie isso por nada (Jo 8.31)


Há espaço para o estudo da palavra de Deus em sua agenda?


“Muita Paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço” (Sl 119.165)

Em Cristo: Romário Rodrigues


Bibliografia


● Bíblia ACF, Almeida Corrigida e Fiel (Editora Thomas Nelson Brasil)

● Bíblia de estudo Pentecostal (Editora CPAD)

● Hermenêutica fácil e descomplicada (Esdras Costa Bentho), editora CPAD, ano 2017

● Hermenêutica 1, 2 e 3. Disciplinas nos módulos 2 e 3 da ATEB (Academia teológica Ebenezer) e FEICS (Faculdades Evangélicas Integradas Cantares de Salomão)

● Hermenêutica bíblica (Valdeci do Carmo e Jonas Mendes), editora Palavra Fiel

● Manual de Escatologia (J Dwight Pentecost), editora vida

● Interpretação bíblica (Roy B Zuck), editora Vida Nova


TEXTO: PROFESSOR ROMÁRIO RODRIGUES

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